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V Festival de Música da Paraíba

Apresentações musicais serão acessíveis com tradução em libras

publicado: 05/06/2024 15h54, última modificação: 05/06/2024 15h54
Giselle Virgínio e Nemu Lima são intérpretes de libras

O V Festival de Música da Paraíba estará acessível para a comunidade de surdos. A edição deste ano, que homenageia a cantora Marinês, promove a tradução em libras em todos os momentos, incluindo as apresentações musicais. A pessoa surda terá acessibilidade garantida por meio da interpretação para a língua de sinais, que será feita por dois profissionais que se revezarão durante todo o evento.

 

Uma das intérpretes profissionais é a advogada Giselle Virginio da Silva, atuante na área jurídica com escritório acessível à Comunidade Surda. Tradutora de libras há mais de 15 anos, ela contou que sua principal motivação para buscar essa atividade foi o fato de ser SODA, ou seja, irmã de surdo. “Por isso, desde criança eu já estava inserida num contexto bilíngüe, onde de maneira natural adquiri a LIBRAS, e sempre convivi com a Comunidade Surda”, disse.

 

Para ela, o convite de participar desse trabalho de tradução durante as apresentações das músicas no festival foi motivo de muita alegria. “É uma honra poder participar do Festival de Música da Paraíba num contexto inclusivo e podendo proporcionar acessibilidade à Comunidade Surda, que sente e se emociona tal qual a Comunidade Ouvinte”, frisou.

 

O outro intérprete de libras que participará do evento é Nemuel Lima, mais conhecido como Nemu, pesquisador da Cultura Surda. Ele trabalha como intérprete de LIBRAS há mais de 10 anos. “Iniciei em 2008 e de lá pra cá, fui me especializando na tradução e interpretação no contexto da arte e cultura”, falou.

 

Nemu revelou ainda que a sua motivação para mergulhar nesse trabalho foi pelo fato de ser útil para a comunidade surda. “Eu imaginei o quanto seria difícil viver num país onde as pessoas não conseguem ser entendidas em sua própria língua. Então, busquei aprender LIBRAS para ajudar meus amigos surdos nas suas diversas necessidades do dia a dia. Depois me profissionalizei como intérprete e fiz disso minha profissão”, descreveu.

 

“A FUNESC sempre busca alguma forma de pensar na acessibilidade de seus eventos. Desde o começo da pandemia, algumas eventos têm parte de suas programações acessíveis em LIBRAS. Agora com o retorno das atividades presenciais, a experiência tende a melhorar… As pessoas com deficiência, em particular, a pessoa surda, terá seu direito a acessibilidade garantido no festival, pois, ele será completamente interpretado para língua de sinais. Essa atitude é sinal de respeito à diversidade, em busca de igualdade, justiça e inclusão social das pessoas com deficiência”, pontuou Nemu, acrescentando que o impacto vai direto na luta da comunidade surda, coloca a língua de sinais em protagonismo e fortalece a identidade cultural do povo surdo.

 

Nemu também faz sucesso nas redes sociais com vídeos nos quais traduz hits de cantores e cantoras famosos na cena nacional. “Dependendo do gênero a ser sinalizado, só a LIBRAS pura pode provocar a retirada de vários aspectos que geram mais conexão aquilo que está sendo traduzido. No caso da música, tem ritmo, melodia, expressões culturais, figurino, maquiagem… Sendo assim, não dá pra ficar preso só a letra sinalizada. Foi pensando em trazer uma tradução mais justa, mais completa, que eu comecei a fazer meu vídeos”, revelou.

 

Os vídeos tiveram muito alcance na internet. Isso fez a língua de sinais ser vista por muitos fãs dos artistas e outras pessoas que nunca tinham visto músicas em LIBRAS. Esse trabalho trouxe para Nemu muitas oportunidades para atuar profissionalmente na arte e cultura, por exemplo, no show de Juliette, da Turnê Caminho, em João Pessoa. “Foi um momento muito especial para mim e para a comunidade surda presente”.

 

Para Nemu, estar no palco é uma ação de resistência. É símbolo da luta surda. É trazer respeito, igualdade de acesso, visibilidade para o povo surdo que por muito tempo foi visto à margem da sociedade. “É uma honra simbolizar isso tudo ao lado de grandes nomes da música brasileira e paraibana. É fazer os sons serem vistos através das mãos. Isso é fantástico!.

 

Apresentações - O público conhecerá as 30 canções selecionadas para o V Festival de Música da Paraíba nesta sexta-feira, 27 e no sábado, 28, no Cine Teatro São José, em Campina Grande. Essas eliminatórias resultarão na classificação de 14 canções que irão para a disputa dos prêmios na grande final da competição, no dia 4 de junho, em João Pessoa-PB.

 

Pocket shows - Em cada uma das noites de apresentações o evento promoverá ‘Pocket shows’ com artistas convidados. Nesta sexta, 27, quem participa desse momento é a cantora e compositora Gitana Pimentel. Já no sábado, 28, sobe ao palco a cantora Maria Kamylla.

 

Na noite da grande final, dia 4 de junho, as cantoras convidadas são Bella Raiane, Sandra Belê e Nathália Bellar, além da participação especial do projeto Prima - Programa de Inclusão Através da Música e das Artes do governo estadual.

 

Ingressos – Os ingressos estarão disponíveis na bilheteria dos teatros correspondentes a partir das 14h do dia do evento, limitado a duas entradas por pessoa em cada uma das noites de apresentações.

 

Premiação - O vencedor, primeiro colocado desta edição, leva R$ 10 mil (dez mil reais); o 2º lugar, R$ 7 mil (sete mil reais); o 3º ficará com R$ 5 mil (cinco mil reais); Melhor intérprete R$ 3 mil (três mil reais) e o artista que vencer com a melhor canção, eleita pelo voto popular, recebe um crédito no valor de R$ 3 mil (três mil reais) para aquisição de equipamento ou instrumento musical.

 

Realização – O Festival de Música é realizado pelo Governo do Estado por meio da Secretaria de Comunicação Institucional – Secom-PB, Empresa Paraibana de Comunicação – EPC e Fundação Espaço Cultural da Paraíba – Funesc. Um evento cultural que vem abrindo espaços para que os artistas apresentem suas criações ainda não conhecidas do público.