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Afetividade, lembranças e emoção marcam o último dia do Agosto das Letras 2020, em homenagem a Lourdes Ramalho

publicado: 24/08/2020 09h18, última modificação: 24/08/2020 09h19
Painel de encerramento do Agosto das Letras 2020

Encerrando as atividades da 6ª. edição do Agosto das Letras, a Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) promoveu neste sábado (22), através de seu canal no YouTube, uma programação virtual repleta de conhecimento e sensibilidade, na última noite de homenagens dedicadas à escritora Lourdes Ramalho.  

 

Mas foi o painel “Lourdes Ramalho: voz e genialidade na arte de uma mulher”, mediado por Fernando Moura, que apresentou ao público lembranças do ser humano por trás da artista e a singularidade da história de Lourdes Ramalho, em relatos de extrema sensibilidade. “Neste domingo ela faria cem anos e estamos aqui para celebrar a vida que ela teve, múltipla e longeva”, abriu o mediador.  

 

Luiz Silvio Ramalho Junior, filho da escritora, contou histórias e “causos” da infância, de como ele e seus irmãos se relacionavam e aprendiam com a mãe. O discurso foi enfatizado por Letícia Ramalho, neta de Lourdes, que disse ter aprendido a ler com as obras da avó e questionou porque nas escolas paraibanas se estuda “As reinações de Narizinho” (de Monteiro Lobato, do Sudeste) e não “Maria Roupa de Palha”, de autoria de uma nordestina. 

 

“É incrível como ela tingiu de nordestinidade a cultura brasileira em uma obra, uma inquietude pela leitura que a transformou numa enciclopédia de nossas raízes e fez brotar, em Campina Grande - uma ‘cidade masculina’ - uma obra literária de tamanha dimensão”, discorreu Chico Pereira, poeta e professor, o qual teve a oportunidade de conviver com Lourdes em diversos momentos.  

 

Outra pessoa que teve a chance desta convivência de forma mais intensa foi a professora Joseilda Diniz, que chegou a morar na casa da escritora. “Vivi na ilha ramalhiana por dois anos e lá pude conhecer quem era a mulher por trás da dramaturga, na intimidade do lar ”. Joseilda lembrou a forma como Lourdes “acolhia com o coração, antes de acolher com o intelecto, e estava o tempo todo nos ensinando. Como pesquisadora, fiz muita coisa inspirada por ela”. 

 

O painel foi abrilhantado pela participação de Moncho Rodriguez, artista espanhol e um dos mais efetivos propagadores da obra ramalhiana no exterior. Em um vídeo exibido, ele encenou um diálogo imaginário de um suposto reencontro com Lourdes, parabenizando-a por seu aniversário e recordando detalhes de sua convivência com ela, quantas coisas criaram e a saudade que ela deixou. 

 

Outros momentos 

A abertura, voltada ao público infantil, foi marcada pelas contações das histórias “Maria roupa de palha”, por Suellen Maria (Projeto Pano de Cuscuz, PB), e “O patinho feio” (Companhia Pé de Baobá, CE/PB). 

 

Com mediação de Helder Moura, os integrantes do “Pôr do Sol Literário” Marcus Alves, Magno Nicolau, Ana Paula Cavalcanti e Ricardo Pinheiro (Livraria do Luiz), participaram de um bate papo sobre a Confraria Sol das Letras. O momento foi aberto com a apresentação de “Pôr do Sol”, do músico paraibano residente em Genebra, Washington Espínola, que criou a execução de piano exclusivamente para esta ocasião.  

A oportunidade foi marcada também pelo lançamento dos livros pela Fundação Casa de José Américo (FCJA): “Jesus, o messias das nações”, de autoria de Severino Celestino; “Olhos do exílio”, de Francisco Barreto; e “Caminhar – Pé no chão”, de Iveraldo Lucena, que faleceu em julho deste ano e teve a apresentação do livro feita por seu filho, Ricardo Lucena.  Tiago Mendes, artista convidado para a noite, fez sua participação com versos cantados, cheios de saudade.  

Bruno Ribeiro, mestre em Letras e roteirista, promoveu a Oficina Literária “Técnicas sobre a escrita criativa”, compartilhando com o público tópicos sobre este tipo de escrita inventiva e as formas de inserção de personagem, enredo, narrador, tempo e espaço em um texto literário.  

A noite foi encerrada com o Sarau “Pequeno inventário do l(ar)”, por Ariel Coletivo Literário, e pela fala emocionada de Tatiana Cavalcante, coordenadora da Biblioteca do Espaço Cultural e uma das organizadoras do evento, que afirmou ter vivido, nos últimos três dias “uma volta ao tempo e a oportunidade de tomar um café, ao lado de Dona Lourdes”. 

Os interessados em ver ou rever a 6ª edição do Agosto das Letras podem acessar a o canal da Funesc no YouTube, onde todos os programas estão gravados.